Na Semana Farroupilha, URI-SLG lança projeto Quatro Troncos Missioneiros – Conhecer para Valorizar

O projeto “Quatro Troncos Missioneiros – Conhecer para Valorizar” tem como propósito buscar a compilação de dados a respeito da produção artístico-cultural dos Troncos Missineiros – Cenair Maicá, Noel Guarany. Jayme Caetano Braun e Pedro Ortaça.

Partindo da premissa de que, para valorizar é necessário conhecer, ao desenvolver as ações, esperamos divulgar a obra dos Troncos Missioneiros junto às novas gerações, a fim de que ampliem o conhecimento a respeito das músicas, payadas e demais produções desses artistas, tornando-se agentes na preservação do legado missioneiro.

Dentre os objetivos do projeto destacam-se: – Desenvolver pesquisa sobre a produção artístico-cultural dos Troncos Missineiros – Cenair Maicá, Noel Guarany. Jayme Caetano Braun e Pedro Ortaça; – Divulgar a obra dos Troncos Missioneiros junto à rede pública de ensino, de São Luiz Gonzaga, oportunizando às novas gerações a compreensão do legado missioneiro; – Sensibilizar a comunidade quanto à importância dos troncos missioneiros para a compreensão histórica e cultural dos seus legados.

Buscamos inspiração nas palavras de Cenair Maicá, quando canta:

Quisera um dia cantar com o povo

Um canto simples de amor e verdade

Que não falasse em misérias nem guerras

Nem precisasse clamar liberdade

No cantar de quem é livre

Hay melodias de paz

Horizontes de ternura

Nesta poesia de andar

Amor, verdade, liberdade, paz, ternura, poesia… valores que perpassam a obra desses quatro gaúchos de sensibilidade ímpar e que pretendemos destacar ao longo do estudo.

Com Jayme Caetano Braun aprendemos que o tempo é precioso e que na “conta da vida não adianta saldo médio”.

Talvez que alguns te reneguem,

chão dos meus antepassados,

mas que importam renegados,

eles e aqueles que os seguem?

que se avacalhem – se entreguem,

haverá sempre um turuna,

haverá um garrão de tuna,

com fibra e com coração,

para dizer que este chão

não é uma terra reiuna!

Aqueles que não entendem,

nossa base de estrutura,

ou não leram a escritura

de onde os gaúchos descendem,

os que compram e que vendem

sem respeitar a legenda,

os do encobre e do remenda,

do esbulho e do desmande,

não sabem que este Rio Grande

não é uma sucata à venda!

Por isso, nessa Semana Farroupilha atípica, cumpre a cada gaúcho e a cada gaúcha, demonstrar seu amor por este chão, empenhando-se em fazer jus à descendência, honrando as raízes missioneiras e participando da construção de um legado de liberdade, igualdade e humanidade, como expressa o lema da Bandeira do RS. Noel Guarany nos lembra que ser gaúcho e missioneiro traz consigo o dever de honrar esses ideais:

Meu destino são raízes

Que brotam nas reduções

Onde o canto é a voz da pátria

Misteriosa das Missões

Por isso, a bem da história

Hei de cantar altaneiro

Dizendo verdades cruas

No meu estilo campeiro

Quando o Rio Grande nasceu

Já existia o missioneiro

Assim erguemos a pátria

Como quem ergue um altar

E a guardamos sagrada

No viver e no cantar

As legendas missioneiras

Que jamais hão de manchar

É um dever dos payadores

Zelar o bem na verdade

Com a guitarra nos tentos

Num rasgo de eternidade

E seguir cruzando o mundo

Escravos da liberdade

Pedro Ortaça, por sua vez, reforça o compromisso dos quatro troncos missioneiros, enquanto crias desse chão, com a santa herança de cantores e guitarreiros, legar às novas gerações o amor pelas tradições, profundas convicções que nos dão a fibra e a garra, de cantar como cigarras pela glória das Missões. Em seus versos:

Quando canto minha herança para meus filhos transmito

Por sobre ruínas transito como auroras de esperança

Minha alma nunca se cansa de exaltar esses rincões

[…]

Meu canto guarda o estilo das fontes de geografia

Quando o gaúcho nascia abarbarado e tranquilo

Meu canto é o canto do grilo dos tempos de antigamente

Que pode ser estridente, mas jamais ultrapassado

Porque o canto do passado é o bebedor do presente

Na obra desses ícones da cultura missioneira, há um universo a explorar! Especialmente para que, com eles, possamos aprender a exaltar o que há de bom e de belo nos nossos rincões gaúchos e a respeitar o passado, pois, assim como ensina a filosofia, é preciso compreender as experiências humanas do passado, por meio da apreciação de seus legados e narrativas, para expressar a singularidade e deitar raízes nesse espaço-tempo que compartilhamos.

O projeto tem Coordenação Geral da professora Dinara Bortoli Tomasi – Diretora-Geral, orientação da professora Lizandra Andrade Nascimento e a bolsista é a acadêmica de Direito, Regina Tayrini Bassani Carpenedo.

 


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