A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA DEFICIÊNCIA VISUAL

A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA DEFICIÊNCIA VISUAL

PIRES, Morgane; BRAGA, Carine; PEIXOTO, Elisiane; CAMARGO, Aderceline;

FORSIN, Rocheli; HOFFMANN,Vanessa[1]

NASCIMENTO, Lizandra Andrade[2]

 

A visão é um dos sentidos mais importantes de relacionamento das pessoas com o mundo exterior. A formação da imagem visual depende de uma rede integrada, de estrutura complexa, da qual os olhos são apenas uma parte, envolvendo aspectos fisiológicos, função sensório-motora, perceptiva e psicológica. A capacidade de ver e de interpretar as imagens visuais depende da função cerebral de receber, decodificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens a outras experiências anteriores (BRASIL, 2005).

A deficiência visual configura-se como comprometimento parcial (de 40 a 60%) ou total da visão e inclui dois grupos de condições distintas: cegueira e baixa visão. Não são deficientes visuais as pessoas com doenças como                                                                                                                                                                                              miopia, astigmatismo ou hipermetropia, que podem ser corrigidas com o uso de lentes ou com cirurgias (NICKHORN, 2012).

A cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Pode ser congênita (nasce) ou adquirida (traumas oculares) (SÁ, 2007).

A definição de baixa visão (ambliopia, visão subnormal ou visão residual) é complexa devido à variedade e à intensidade de comprometimentos das funções visuais. Essas funções englobam desde a simples percepção de luz até a redução da acuidade e do campo visual que interferem ou limitam a execução de tarefas e o desempenho geral (SÁ, 2007).

Segundo o que diz a legislação brasileira atual, os estudantes com deficiência visual têm direito a utilizar materiais adaptados, tais como livros didáticos transcritos para o Braile[3] ou reglete[4] para escrever durante as aulas. A alfabetização em Braile das crianças com cegueira total ou com graus severos de deficiência visual é simultânea ao processo de alfabetização das demais crianças, porém com suporte de professores especializados nesta área.

Para que o aluno com baixa visão desenvolva a capacidade de enxergar, o professor deve despertar o interesse do aluno em utilizar a visão potencial, por meio de atividades que proporcionem prazer e motivação à criança, desenvolvendo assim a autonomia do indivíduo. A criança com deficiência visual se não for estimulada a usar os sentidos remanescentes (tato, audição, paladar e olfato) poderá ter dificuldade na construção e conceitos relacionados ao mundo exterior (SÁ, 2007).

O equilíbrio postural é a base para todos os movimentos, sendo influenciado pelos sistemas sensoriais: visual, vestibular e proprioceptivo (XAVIER, 2011). Portanto, a privação de algum desses sistemas, como no caso da deficiência visual, poderá trazer consequências importantes para o equilíbrio postural e consequentemente para o desenvolvimento motor.

A atuação do fisioterapeuta na reabilitação visual é voltada para a estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor normal. Em virtude dos prejuízos à visão, as aquisições motoras sofrerão um atraso, prejudicando todo o seu desenvolvimento. Além disso, a ausência da visão altera diretamente o equilíbrio, a coordenação e também a consciência corporal. A Fisioterapia atua nestes aspectos, buscando, com recursos lúdicos, preparar a criança para uma melhor performance nas atividades e, posteriormente, uma maior independência funcional durante o seu desenvolvimento.

 

REFERÊNCIAS

 

REBOUÇAS, Cristiana. et al. Avaliação da qualidade de vida de deficientes visuais. Brasília Jan./Feb. 2016.

 

BRASIL. Ministério da Educação Especial. Desenvolvendo competência para o atendimento às necessidades educacionais de alunos cegos e de alunos com baixa visão.

 

_____. Lei n°. 13.146. Brasília/DF-2015.

 

SÁ, Elizabet. et al. Atendimento educacional especializado- deficiência visual.  Brasília/DF – 2007

 

NICKHORN, Daiana Elisabeth. Pedagogia inclusiva: preocupação com uma educação de qualidade para todos, Santa Rosa-2012

 

ROCHA, E. F. Reabilitação de pessoas com deficiência. São Paulo: Roca, 2006.

 

XAVIER, Cristiane et. al. Uma avaliação a cerca da incidência de desvios posturais em escolares. 2011.

 

[1] Acadêmicas do Curso de Fisioterapia da URI – São Luiz Gonzaga. E-mail: morhoffmann1978@yahoo.com.br

[2]  Doutora em Educação. Professora orientadora. E-mail: lizandra_a_nascimento@yahoo.com.br

[3]  O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e sinais de pontuação e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo

[4]  A reglete é uma régua de madeira, metal ou plástico com um conjunto de celas braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana


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