Efeitos psicológicos da pandemia do coronavírus na comunidade acadêmica da URI São Luiz Gonzaga

Tatiane Munareto [1]

Sarah Sides [2]

Lizandra Andrade Nascimento [3]

 

A pandemia do Corona vírus (COVID-19) trouxe novos e significativos desafios para a sociedade, de acordo com dados do Ministério da Saúde, em dezembro de 2021, no Brasil foram confirmados mais de 22 milhões de casos e registrados 619.246 óbitos. No Rio Grande do Sul, por sua vez, a Secretaria Estadual da Saúde informa que até essa data foram contabilizados 1.498.577 casos de COVID-19, provocando
36.273 mortes.

Frente a esses dados, torna-se imprescindível a busca de estratégias que minimizem os impactos da pandemia para a comunidade. Dentre tais impactos, destacam-se as consequências psicológicas, nas quais tendem a ser negligenciadas diante da preocupação primordial com a manutenção da vida e o tratamento dos sintomas físicos.

Schmidt et al (2020) afirmam que as pessoas com suspeita de COVID 19 podem desenvolver sintomas obsessivo-compulsivos, como, por exemplo, verificar repetidas vezes a temperatura corporal. Os autores alertam ainda que a ansiedade relacionada à saúde também pode ocasionar interpretação equivocada das sensações corporais, levando à procura desnecessária dos serviços de saúde. Além disso, o isolamento social também acarreta a diminuição das interações sociais face a face, o que pode ser um fator estressante e desencadeante á novas doenças psicológicas.

Dentre os impactos psicológicos para a população em virtude da pandemia, destaca-se lamentavelmente o aumento da violência contra crianças e adolescentes, bem como contra as mulheres. Para exemplificar, pode-se citar o estudo Violência Doméstica Durante a Pandemia de COVID-19, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado em 1º de junho de 2020, que aponta um crescimento de 22,2% nos casos de feminicídio no Brasil, nos meses de março e abril, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Com relação à infância e à adolescência, também houve incremento na violência. Segundo a Agência Brasil (2020), o relatório da ONG Word Vision estima que 85 milhões de crianças e adolescentes, entre 2 e 17 anos, poderão se somar às vítimas de violência física, emocional e sexual nos próximos três meses em todo o planeta.

O objetivo principal da pesquisa foi realizar um levantamento dos impactos psicológicos da pandemia do novo Coronavírus na comunidade acadêmica da URI – SLG, para elaborar e propor estratégias voltadas à saúde mental e ao bem-estar dos indivíduos.

As informações foram coletadas por meio de envio de questionários aos distintos segmentos da comunidade acadêmica da URI – São Luiz Gonzaga, via e-mail. Participaram da pesquisa noventa e seis (96) indivíduos, sendo doze (12) professores universitários, oito (08) funcionários técnico-administrativos, quarenta e seis (46) acadêmicos, dezessete (17) egressos e treze (13) pessoas da comunidade externa, o grupo de participante caracteriza-se por ser predominantemente formado por pessoas de cor branca, do sexo feminino e na faixa etária dos 30 aos 39 anos.

A partir do questionário, averiguamos que a maioria dos participantes, não realizou tratamento psicológico ou psiquiátrico, durante a pandemia (75%). Um pequeno percentual, estava em atendimento e interrompeu em virtude do isolamento social (15%) e a menor parcela afirmou estar em atendimento on-line (10%). Observamos impactos de leves a moderados, especialmente nos níveis de ansiedade, depressão, estresse e sofrimento subjetivo (tristeza, medo, raiva, angústia). Ao investigarmos de quais as atividades os respondentes sentiram mais falta durante o distanciamento social, constatamos que o contato e/ou interação social foram as principais, embora outras áreas da vida dos indivíduos tenham sido prejudicadas nesse período pandêmico.

Outra consequência percebida na pandemia é a alteração no consumo de substâncias. Entre os docentes não consta consumo de cigarro e medicamentos como ansiolíticos e antidepressivos e uma pequena parcela do grupo de professores afirma estar consumindo a mesma quantidade de álcool antes e durante a pandemia. No segmento dos funcionários, observamos a ampliação no uso de remédios. Para os acadêmicos, houve alteração no consumo de álcool e uma pequena parcela de estudantes afirma ter iniciado a usar psicofármacos na pandemia. Resultados semelhantes foram verificados no grupo de egressos, em que ocorreu aumento no consumo de álcool e de ansiolíticos e antidepressivos.

Sendo assim, a pandemia da COVID-19 obrigou o mundo todo a adotar medidas que assegurassem a diminuição da transmissão do vírus, sendo a medida mais eficaz o distanciamento social, tal cuidado tende a acarretar prejuízos a saúde física e mental das pessoas. Dessa forma, recomenda- se a prática regular de exercícios físicos 5-7 dias por semana (Jiménez-Pavón, Carbonell Baeza e Lavie, 2020), pois esta prática mostrou-se como uma alternativa de minimizar os efeitos colaterais do distanciamento social na saúde humana.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FBSP. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Violência Doméstica Durante a Pandemia de COVID-19. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-06/casos-de-feminicidio-crescem-22-em-12-estados-durante-pandemia. Acesso em 19/06/2020.

 

Jiménez-Pavón, D., Carbonell-Baeza, A. &Lavie, C. J. (2020). Physical exercise as therapy to fight against the mental and physical consequences of COVID-19 quarantine: Special focus in older people.Prog Cardiovasc Dis, Volume 63, Issue 3, May–June 2020, Pages 386-388.

 

MINISTÉRIO DA SAÚDE CORONAVÍRUS BRASIL. COVID19- Painel Coronavírus. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 6 jan. 2022.

 

SCHMIDT, Beatriz. CREPALDI, Maria Aparecida. BOLZE, Simone. NEIVA-SILVA, Lucas. DEMENECH, Lauro. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud. psicol. I Campinas, 2020.

 

WORLD WISION. Violência contra crianças pode crescer 32% durante a pandemia. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-05/violencia-contra-criancas-pode-crescer-32-durante-pandemia. Acesso em 19/06/2020.

[1] Acadêmica do 9º semestre do Curso de Fisioterapia, URI – São Luiz Gonzaga. Bolsista do Projeto de Extensão: Efeitos Psicológicos da Pandemia do Coronavírus na Comunidade Acadêmica da URI São Luiz Gonzaga.

 

[2] Acadêmica do 9º semestre do Curso de Fisioterapia, URI – São Luiz Gonzaga. Bolsista voluntária do Projeto de Extensão: Efeitos Psicológicos da Pandemia do Coronavírus na Comunidade Acadêmica da URI São Luiz Gonzaga

 

[3] Professora orientadora. Docente na URI – São Luiz Gonzaga.


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